como insetos em volta da lâmpada

diasP-8
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“o ridículo das pequenas limitações humanas, é o que mais me choca. a maldadezinha cotidiana, que se esconde pelas frestas dos dias da semana, pateticamente. os pequenos gestos de malvadeza efetuados com as pontas dos dedos, como se não tivessem importância. pois têm. pois ferem, machucam, magoam. pois espalham a desesperança e o desencanto, e isso é feio e devia ser motivo de vergonha. ah, o humano. há dias em que acordo especialmente desolada e descrente dele, o humano. não por suas limitações ou desvios, porque esses todos temos sem escapar um, mas pelo que é feito de maneira proposital, com o único intento de colocar o pé à frente do outro para que tropece, para que dê com a cara no chão e para que sinta dor, quanto mais melhor. isso é o que desisto de tentar compreender, porque minha mente realmente não alcança – e não porque eu seja melhor ou maior do que ninguém, não porque eu seja a encarnação da bondade ou da generosidade ou o que seja, mas apenas porque sou gente. e como gente, esforço-me todos os dias para existir sem ferir o outro propositadamente, sem dizer qualquer coisa que não tenha por objetivo mais do que magoar a quem quer que seja. e sei que tantas vezes isso acontece, mas ao menos posso dizer sinceramente que não foi descaso, não foi rancor e não foi egoísmo, no máximo atrapalhamento ou distração. eu prefiro assim. ao menos recosto a cabeça no travesseiro todos os dias, sem peso. isso vale muito pra mim. e talvez um dia, depois de tantos calejamentos, eu aprenda a esperar menos, a confiar menos – ou a amar menos, quem sabe.

bem, talvez não. talvez eu não queira, apesar de tudo. é, apesar. talvez eu viva para sempre tão boba e perdida, mastigando as minhas pequenas esperanças no canto da boca. para sempre. talvez.”

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